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Três lições da ‘Barbie’ para o mundo das empresas

3 lições da "Barbie" para o mundo das empresas

Já vi o filme e gostei.  

Não é um filme sobre bonecas, é sobre mulheres e homens reais. Não é sobre o mundo cor-de-rosa do faz de conta, é sobre o nosso mundo, real, pintado de todas as cores. Está super bem escrito, é muito bem interpretado e os temas são totalmente pertinentes. 

Entre as muitas lições que o filme nos pode dar, destaco as três ideias que foram para mim mais impactantes.  

1ª ideia – o sistema é incoerente e contraditório.  

No filme, vemos um funcionário da Mattel (empresa fabricante da Barbie) a interromper uma reunião na qual está o CEO e outros Diretores, todos Homens igualmente vestidos de fato e gravata, a decidir sobre como deve ser a Barbie e o que pode ou não fazer. Quantas vezes estes Homens pegaram numa Barbie para brincar?… então é bizarro decidirem sobre isso, ou não?  

Nas nossas instituições, empresas e outras organizações vemos disto todos os dias: Diretores comerciais que nunca venderam, Ministros da Educação que nunca deram uma aula ou Homens a decidir sobre direitos de Mulheres. Com as devidas diferenças, estas incoerências estão por todo o lado e infelizmente vamos lidando naturalmente com isso porque “é assim que funciona” ou porque “faz parte do sistema”. Então temos de mudar o sistema. 

2ª ideia – o mundo ideal é diferente do mundo real.  

Todos temos teorias, expectativas e ideais sobre muitos assuntos que, só depois na realidade, percebemos que não podem ser bem assim – e pior ainda quando se tratam de fundamentalismos.  

Por exemplo, vejo muitas vezes no meu dia-a-dia dois casos típicos: todos temos ideias sobre como se devem educar os filhos, mas só na realidade, quando os temos nos braços, é que percebemos verdadeiramente como funciona (ou não); todos temos teorias sobre como se deve gerir uma empresa mesmo que nunca o tenhamos feito, mas quem dá esse passo e começa a fazê-lo, depois percebe que é muito mais complexo do que parecia. É o chamado “banho de realidade”.  

A Barbie passa por isto mesmo e sente-o na pele quando vai do “Mundo Encantado” para o “Mundo Real”. O choque que ela teve com a realidade foi brutal. Isso assustou-a, levou-a a questionar tudo e demorou até assimilar toda a informação, encontrar padrões, identificar problemas e encontrar soluções.  

Precisamente o que acontece em muitas empresas: do ‘ideal’ ao ‘real’ vai um longo caminho e quanto maior for, mais se perde.  

  • “The real world isn’t what I thought it was.” – Barbie. 
  • “It never is.” – Ruth 

3ª ideia – as pessoas não querem mudar.  

Apesar de, na teoria, as pessoas dizerem que as mudanças são positivas e estão disponíveis para mudar e se adaptar, na prática resistem às mudanças e sentem esses momentos como ameaçadores. Todos os dias vemos à nossa volta pessoas que levam isso ao limite: não querem explorar um novo mercado, não querem vender um novo produto e não querem prestar novos serviços. Simplesmente querem fazer o que sempre fizeram da maneira que sempre fizeram. São as pessoas que sofrem da Doença da Gabriela, como expliquei numa palestra que pode ver aqui .  

No filme, quando a Barbie regressa do mundo real e volta para o seu mundo encantado, vê o estado em que tudo está com as transformações que o Ken implementou, recusa-se a aceitar que a realidade se alterou. O seu mundo mudou e agora é precisa uma nova atitude, novas competências e soluções alternativas. Contudo, o passo para o desconhecido pode ser assustador e isso leva as pessoas a recuar.  

  • “That’s life. All change.” – Gloria 
  • “That’s terrifying!” – Barbie 

Posto isto, aquilo que precisamos é: 

  • Um sistema mais justo e coerente; 
  • Soluções pensadas para o mundo real; 
  • Disponibilidade para mudar e evoluir. 

Estas são apenas as minhas ideias com base no que analisei do filme, não são verdades absolutas. O melhor mesmo é irem ver. Vejam e surpreendam-se, ou vejam para confirmar o que já leram e ouviram, também serve.  Mas vejam “com olhos de ver”. 

Humans only have one ending. Ideas live forever.” Ruth Handler 

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